Vimos na aula passada, que existe uma propriedade dos limites chamada de substituição direta, no que consiste em calcular limites de funções simplesmente substituindo x para a. Funções que permitem o uso dessa propriedade, são também classificadas como funções contínuas.

Uma função é sempre descontínua em um certo ponto. Ou seja, f(x) é descontínua quando x é igual a 4, por exemplo!

Definição 1:

   Uma função é contínua em um ponto a, se somente se:

lim_{x \to a}f(x) = f(a)

Para essa condição ser satisfeita, implicitamente 3 condições:

  a) f(a)  deve  estar  definida;  a  deve  estar  no  domínio  de  f

  b) lim_{x \to a}f(x)  deve  existir!

  c) lim_{x \to a}f(x) = f(a)

Continuidade3
Figura 1: Gráfico de uma função contínua

Observação: Uma função sempre é contínua em um ponto.

Exemplo 1: Gráfico

Continuidade4

Para resolvermos esse tipo de exercício de continuidades de limites na forma gráfica, é preciso analisar os pontos que apresentam uma “quebra”. Veja que as partes dos gráficos que são linhas “desenhadas bonitinhas” são contínuas, então devemos dar atenção somente em pontos específicos, como x =1, x = 3 e x =5.

Pelo gráfico já pelo gráfico, já percemos que a “bolinha não preenchida” é um ponto não definido em x = 1, portanto não há continuidade. De modo que:

\boxed{f(1) = \nexists}

No ponto x = 3, veja que o limite de f(x) quando x tende a 3 não existe! Portanto f(x) é descontínuo em x = 3. (condição de existência de um limite), pois:

\boxed{lim_{x \to 3^-}f(x) \ne lim_{x \to 3^+}f(x)}

Já para x = 5, vemos que o limite existe e o ponto também está definido, porém infringe a principal condição de continuidade, pois:

\boxed{lim_{x \to 5}f(x) \ne f(5)}

Veja bem o gráfico! Mesmo sem saber qualquer valor, podemos analisar isso!

Exemplo 2: Algebrico

Continuidade5

Para resolvemos exercícios de continuidade (ou descontinuidade) de forma algebrica devemos descubrir primeiro qual é o domínio de f(x), ou, onde uma função se comporta de forma diferente. Vamos ver nos exemplos esses tipos de situações. 

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a) f(x) = \frac{x^2  –  x  –  2}{x  –  2}

O denominador de um função nunca pode ser 0, e caso estiver em um limite, tende ao infinito (positivo ou negativo. Depende). Portanto, quando x = 2, f(x) não está definido. Assim, f(2) não existe e é uma descontinuidade.

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b) f(x)  =\begin{cases}\frac{1}{x},\text{ se } x \ne 0  \\ 1, \text{ se } x  =  0 \end{cases}

Vemos que a função se comporta em diferentes leis quando x = 0 ou diferente desse valor. Portanto devemos analisar quando x = 0.

Vamos testar as condições propostas nessa aula:

f(0) está definida? Sim! e f(0) = 1, visto na função por partes.

O limite existe? Não existe! Vejamos que esse limite vai até o infinito, ou seja, não existe!

lim_{x \to 0^-}{\frac{1}{x^2}} = +\infty

lim_{x \to 0^+}{\frac{1}{x^2}}= +\infty

Portanto, f(x) é descontínuo quando x = 0.

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c) f(x)  =\begin{cases}\frac{x^2  –  x  –  2}{x  –  2},\text{ se } x \ne  2  \\         1          , \text{ se } x  =  2 \end{cases}

Agora nesse caso, a função muda de comportamento quando x = 2. Desse modo:

f(x) está definido em x = 2? Sim! f(2) = 1.

O limite de f(x) quando x tende a 2 existe? Vamos calcular esse limite? Para isso lembre-se que devemos utilizar manipulação matemática para evitar indeterminações. (Clique aqui para relembrar)

Vamos lá. Pelo método da substituição direta, o limite ficará assim:

lim_{x \to 2}{\frac{x^2  –  x  –  2}{x  –  2}} = \frac{(2)^2  –  2  –  2}{2  –  2}  =  \frac{0}{0} \to indeterminação

Vamos fatorar a função quadrática e tentar simplificar alguma coisa.

\text{Vamos calcular as raízes da expressão} x^2 – x – 2 = 0 \\\text{Delta e Bhaskara:} \\ \Delta = b^2 – 4ac \\ \Delta = (-1)^2 – 4(1)(-2) = 9 \\

x = \frac{-b     \pm \sqrt{         \Delta}}{2a} \\ \text{portanto temos:} \\ x = \frac{-(-1)     \pm\sqrt{         9}}{2} \\

\boxed{x_0 = +2}                         \boxed{x_1 = -1}

Como parte da fatoração, podemos expressar uma função de segundo grau da seguinte forma:

ax^2  +  bx  +  c  = a*(x  –  x_0)*(x  –  x_1)

Portanto podemos expressar a função quadrática do numerador como:

x^2  –  x  –  2 = 1.(x  –  2)(x  +  1)

Agora que modificamos o numerador, podemos voltar ao limite:

lim_{x \to 2}\frac{(x  –  2)(x  +  1)}{x  –  2} =  lim_{x \to 2}\frac{\cancel{(x  –  2)}(x  +  1)}{\cancel{x  –  2}}

\boxed{lim_{x \to 2}{(x  +  1)} = 3}

E assim chegamos na condição 3! O limite de x tendendo a 2 é igual a f(2) ? Não!!

pela função dada em questão f(2) = 1 assim:

{lim_{x \to 2}f(x) \ne f(2)}

Portanto a função em questão é descontínua em x = 2.

Conseguimos desenhar os 3 gráficos do exemplo 2 (a,b,c), para os gráficos que são contínuos, observe que podemos desenha-los sem tirar a caneta do papel, pois é uma linha contínua, não há saltos. 

Todos os exercícios do exemplo 2 deram em descontinuidades. Veja que é impossível conseguir desenhar o gráfico sem tirar a caneta do papel. Pois todas essas funções (olhe os gráficos abaixo) são funções descontínuas em determinados pontos.

 

Continuidade6
Fig 2. Gráfico das 3 dunções descontínuas do exemplo anterior.

Definição 2:

   Podemos definir a continuidade da direita e à esquerda de uma função.

   A função é contínua a direita dela mesma se:

lim_{x \to a^+}{f(a)}

A função é contínua a esquerda dela mesma se:

lim_{x \to a^-}{f(a)}

Definição 3:

   A função f(x) é contínua em um intervalo, se somente se, a função f(x) for contínua em todos os pontos que pertencem a esse intervalo.

Exemplo 3:

Continuidade9

Quando estamos analisando uma função raíz, temos que ter certeza de que o valor dentro raíz seja igual a zero ou positivo. Caso o valor for negativo dentro da raíz estamos em outro conjunto matematico que são os números complexos.

Portanto, para  f(x) ser contínuo, 1  –  x^2 \ge  0, assim temos uma inequação para resolver. De forma que:

1  –  x^2 \ge  0

1  \ge  x^2 

\boxed{-1  \ge  x  \ge +1}

Em outras palavras, x deve estar entre -1 e 1. Caso o valor de x = 1,1, o valor seria negativo e gerando uma descontinuiadade.

Assim mostra-se que no intervalo x [-1, 1] a função é contínua, sem quebras, pontas ou valores diferentes. Com intervalo x [-1,1] temos que:

lim_{x \to [-1,1]}{f(x) = f(x = [-1,1])}

Mostra-se então de f(x) é contínua nesse intervalo.

Teorema 1:

Se as funções forem funções contínuas em ac é uma constante, as seguintes funções, também serão contínuas:

Continuidade10

Teorema 2:

a) Todo polinômio é contínuo em todo intervalo de x(-∞, +∞).
b) Qualquer função racional é contínua para todo x pertencente ao seu domínio.

Exemplo 4:

Continuidade11

Baseado no teorema 1 temos que há diversas funções que se todas forém contínuas, f(x) será contínua também. Portanto devemos estudar o domínio de todas as funções, e associar esse conjunto domínio para chegarmos em valores em que x se encaixam em todas as funções!

Vamos cada função:

ln(x), x  deve  ser  positivo  \to  x = (0,+\infty)

x^2  –  1  \pm  0,  portanto  x  \ne  \pm 0

Para a função tg(x) devemos relembrar que:

tg^-1 (x), x (0,+\infty)

Portanto:

O domínio da função em total: x = (0, 1) U (1, +\infty)

Teorema 3:

As funções abaixo, são funções contínuas para to x contínuo em seu domínio natural, entre elas são:

  • Polinômios
  • Funções Trigonométricas
  • Funções Exponenciais
  • Funções Racionais
  • Funções Trigonométricas Inversas
  • Funções Logarítmicas
  • Funções Raízes

Teorema 4:

Se g for contínua em a, e f for contínua em g(a), temos que a função composta f(g(x)) também é contínua.

Teorema do valor intermediário:

Supondo que f seja contínuo em um intervalo fechado [a,b], seja entre os valores de f(a) e f(b) em que: f(a) ≠ f(b), então existe um valor c em (a,b) tal que: f(c) = N.

Então basicamente temos um valor N entre dois valores f(a) e f(b), devemos ter um valor c entre o a e b, para corresponder ao valor N. (f(c) = N).

Continuidade24
Figura 2: Gráficos representando o teorema do valor médio

Uma das grandes aplicações do teorema do valor médio, é encontrar valores próximos de raízes de funções, ou até mesmo um valor exato, caso existir.

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